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Os dois tipos de antissemitas: o declarado e o disfarçado

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O antissemitismo, a mais antiga forma de ódio ainda presente na humanidade, assume diferentes rostos ao longo da história. Ele pode se expressar de maneira aberta e direta, ou de forma dissimulada e hipócrita. Reconhecer esses dois perfis é fundamental para compreender como esse preconceito se mantém vivo e para identificar suas manifestações na sociedade contemporânea.

O antissemita declarado

Este é o mais fácil de identificar.
O antissemita declarado nunca escondeu sua hostilidade contra os judeus. Ele assume publicamente seu discurso de ódio, utilizando estereótipos, narrativas falsas e acusações históricas recicladas para justificar sua aversão.

É o indivíduo ou grupo que levanta bandeiras, organiza manifestações e, muitas vezes, não tem receio de ser associado a regimes totalitários do passado. Esse tipo de antissemita é visível, está nas redes sociais, em discursos inflamados e até em movimentos políticos.

O perigo do antissemita declarado está em sua capacidade de mobilização. Seu discurso direto pode influenciar os menos informados e dar legitimidade a ataques físicos, vandalismo, intimidações e crimes de ódio. Entretanto, por estar exposto, ele também é mais facilmente denunciado e combatido.

O antissemita disfarçado

Mais sutil e, portanto, mais perigoso, é o antissemita que finge não ser antissemita.
Ele nega qualquer preconceito, mas deixa escapar sinais claros de hostilidade em suas palavras e atitudes.

É aquele que diz frases como:

  • “Tenho amigos judeus.”
  • “Meu filho é judeu porque fui casado com uma judia.”
  • “Sou próximo de rabinos, logo não posso ser antissemita.”

Na prática, esse indivíduo usa supostas conexões com judeus como um escudo moral para mascarar sua verdadeira visão preconceituosa. Ao mesmo tempo em que se apresenta como “tolerante” e “aberto ao diálogo”, alimenta narrativas de ódio, questiona a legitimidade do povo judeu ou do Estado de Israel e espalha insinuações baseadas em teorias conspiratórias.

Esse tipo é mais nocivo porque mina a confiança, infiltra-se em ambientes políticos, acadêmicos, midiáticos e sociais de maneira silenciosa. Seu discurso é revestido de aparente racionalidade, mas no fundo busca normalizar preconceitos históricos. Diferente do antissemita declarado, o disfarçado tem mais acesso a círculos de poder e influência, tornando-se uma ameaça velada.

Por que o disfarçado é o pior?

Enquanto o antissemita declarado se revela de imediato, o disfarçado atua na sombra. Ele confunde, manipula e tenta inverter o jogo, acusando de “vitimismo” qualquer denúncia de antissemitismo. Sua habilidade em camuflar o ódio sob uma falsa capa de neutralidade o torna mais difícil de combater.

Ele planta dúvidas na opinião pública, relativiza crimes contra judeus e cria um ambiente onde o preconceito se perpetua sem ser nomeado. É nesse terreno que o antissemitismo cresce silenciosamente e ganha legitimidade, já que muitos acreditam que não há ódio em suas palavras, quando na verdade é apenas um ódio bem disfarçado.

Denuncie! Exponha!

O antissemitismo se manifesta de duas formas principais: de maneira explícita, no caso do antissemita declarado, e de forma hipócrita, no caso do disfarçado. Ambos são perigosos, mas o segundo representa uma ameaça mais insidiosa, justamente por se esconder atrás de máscaras sociais e relações pessoais.

Denunciar e expor esses dois perfis é essencial para que a sociedade compreenda que o antissemitismo, seja qual for a sua roupagem, continua sendo uma das formas mais perversas de intolerância que a humanidade precisa enfrentar com firmeza e sem complacência.

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